um pequeno ensaio sobre a (minha) tristeza.

clara ozório
3 min readSep 17, 2022

o tema de hoje é a tristeza. do latim, “tristia”. a palavra é um substantivo feminino. no dicionário de oxford: “qualidade ou estado de triste; estado afetivo caracterizado pela falta de alegria, pela melancolia.”

As Vantagens de Ser Invisível (2012)

primariamente, gosto de pensar que a tristeza é um mal necessário. não existe vida sem algum sofrimento. em muitas vezes o sofrer vem como uma etapa, geralmente importante, do amadurecimento das pessoas. não que eu esteja romantizando, mas aprendi as coisas mais importantes nos momentos os quais eu mais me encontrava melancólica, sozinha e desconfortável. eu não estou falando sobre a depressão, estou falando sobre tristeza, não confuda. são duas coisas bem diferentes, apesar de estarem acompanhadas certas vezes.

segundamente, não existe quem nunca tenha se sentido triste. ao menos uma única vez na vida, afinal, a gente já até nasce chorando. algumas vezes essa tristeza passava logo. as vezes demorava mais. nesse sentido, tudo torna-se situacional, porém, mesmo que pelo motivo mais bobo ou fútil possível, todos já ficaram tristes. sei que alguns motivos são (muito) mais complicados que outros. também sei que, em alguns casos isso, vai muito além de só tristeza, ou quando ela só só “bate”, sem motivo aparente, desencadeando seus amigos: melancolia, drama, choro.

eu não gosto de ser ou de estar triste. mas não tem para onde correr, pois frequentemente esse sentimento me visita, e nem é visita de médico. por isso, venho aprendendo a lidar. evito me desesperar, sei que em alguma hora vai doer e depois passar. tento acreditar. não perder as esperanças. nem sempre eu consigo pensar dessa forma, mas eu tento. e tento bastante, inclusive. uma hora melhora, ou pelo menos alivia. não procuro ninguém para conversar, prefiro me recompor sozinha. busco distrações. pense no arco-íris. é, acho que é isso. pensar no arco-íris. depois da tempestade, vem o arco- íris, as flores crescem. arco-íris.

quase sempre que estou triste, gosto apenas de estar triste e exercer meu direito de estar triste. mantenho uma relação calma com esse sentimento. apesar da guerra na minha mente, tento refletir e fazer coisas de pessoas tristes. chorar no banho, ouvir música lenta, comer bolo de caneca, escrever esse texto. coisas assim. gosto daquele trecho do filme As Vantagens de ser Invisível, que diz: “então, esta é a minha vida. e quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim”. acho que isso representa bastante o que sinto. sei que a melancolia vai sempre me visitar em algum momento. me preparo para que ela não chegue me derrubando, assim como já falei da ansiedade, aquela inconveniente.

portanto, de uns tempos para cá, eu definitivamente tenho procurado só sentir o que estou sentindo. deixo meu coração falar porque cansei de me ignorar. ouço o que ele está falando para a minha mente, mas as vezes preciso de um tradutor. não é tão simples quanto essas palavras fazem parecer. talvez se eu não tivesse me ignorado tanto no passado, não ficaria tão triste hoje em dia. mas acontece, né?

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clara ozório

amante de música, gatos, chás quentinhos e abraços apertados.